quarta-feira, novembro 14, 2012

Doclisboa'12: Genesis Encore Cascais 75

 
 

Crítica por: André Guerreiro

Tendo como móbil a vinda dos Genesis a Portugal em 1975, em pleno PREC, Genesis Encore Cascais 75 retrata e contextualiza toda uma geração de jovens, e de como a liberdade paulatinamente se iria revelando através da cultura e do acesso a esta. Diga-se desde já, que ser fã ou não de Genesis não interessa quase nada, interessando apenas, talvez, para partilhar o entusiasmo com os entrevistados.
Ultrapassando o problema de não existirem gravações video do concerto (apesar das gravações piratas de audio, que nos são aleatoriamente apresentadas durante o filme) com bem humoradas entrevistas a clássicos do mundo da música portuguesa e afins, tais como elementos dos Xutos e Pontapés, aparecendo como representantes das suas personas adolescentes relembrando todo o contexto em que se inseriu tal evento.

O ponto chave deste filme é obviamente a memória. A memória na sua acepção mais lata, de efectivamente aquelas pessoas entrevistadas se lembrarem perfeitamente de imensos pormenores do concerto e daquele dia, tendo sobrevivido à inevitável erosão que a selecção de memória proporciona, mesmo à mais bela recordação. Também é invocada (naquele epílogo algo desinteressante) a memória na sua acepção mais nobre e histórica, relativamente à necessidade de preservar a memória como se património de um povo se tratasse. Também, reforça a necessidade de preservar não apenas as instituições mentais, mas também as físicas e concretas, como o Dramático de Cascais, que albergou este e tantos outros históricos concertos, estando prestes a ser demolido.
Quer tenhamos vivido tal época, quer não, é sempre importante nunca o esquecer um passado recente, tão contextualizador é do presente e de todo o eventual futuro. Portanto, importante se torna ver este filme e manter tais eventos na memória colectiva.

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