quarta-feira, maio 02, 2012

IndieLisboa 2012: Competição Internacional Curtas 6



Le facteur humain ("O Factor Humano")
Thibault Le Texier, França, 2011, 28’

Para ilustrar os métodos de administração científica popularizados por Frederick Taylor (o conhecido "Taylorismo"), Thibault Le Texier seleccionou inúmeras imagens de filmes institucionais americanos realizados a partir da década de '70, disponíveis em arquivos para livre utilização, bem como alguns textos de manuais de gestão do início do séc. XX.

Este trabalho de edição não é, porém, um puro documentário, na medida em que recorre a instrumentos ficcionais, através da narração de um conjunto de cartas escritas pelo autor. Ouvimos uma conversa conjugal, entre o marido engenheiro que se deslocou para uma fábrica para aplicar os princípios Tayloristas e a mulher que se entusiasma com estas ideias e acaba por também as adoptar nas lides domésticas.

Apesar de reconhecermos nesta obra um esforço sério de pesquisa e reconstrução histórica, sentimos que teria como fim mais útil a sua inserção num qualquer programa escolar de História, aliando aspectos lúdicos e pedagógicos.








Mupepy Munatim

Pedro Peralta, fic., Portugal, 2012, 18’

"Mupepy Munatim" é o projecto final de Mestrado em Estudos Fílmicos de Pedro Peralta, estudante da Universidade Lusófona, e segue o percurso de um homem que, tendo partido para França, regressa a Portugal para procurar a campa da sua mãe. 

Desde o bairro do Zambujal, passando pela Igreja de Odivelas, até ao prado onde mãe e filho se reencontram, sob uma árvore frondosa, os planos são poucos e longos, mas não especialmente belos ou contemplativos. Não que haja muito a dizer, mas acaba por não haver também muito sentimento nesta procura, neste caminho de lembrança e de saudade. Para evocar tais recordações, resta-nos apenas a música, cantada em Kikongo, para nós o único momento encantador desta pequena obra.




Les navets blancs empêchent de dormir
Rachel Lang, fic., França/Bélgica, 2011, 27’

"Os Nabos Brancos Impedem de Dormir" é a segunda parte de uma trilogia de filmes que partilham a mesma actriz principal, Salomé Richard, seguindo-se a "Pour Toi Je Ferai Bataille, o trabalho de final de curso de Rachel Lang que recebeu no Festival de Locarno o Leopardo de Prata, na categoria de curtas-metragens.

Ana e Boris têm um relacionamento à distância, e quando ela se dirige a Bruxelas para o visitar, apercebe-se de que, depois de cinco anos em permanentes rupturas e reconciliações, talvez tenha chegado o momento da separação definitiva. 

Depois de uma festa algo descontrolada e de uma noite de insónia devida à ausência de Boris para "comprar tabaco", (apesar de haver quem diga que são os nabos brancos que impedem de dormir, têm demasiada Vitamina C), Ana decide-se. Ele responde-lhe que sabe que ela regressará, que nunca ninguém o amou tanto como ela, "sem contar com a mãe". 

Nesta teia intrincada de emoções e reviravoltas sentimentais, de silêncios e desilusões, Rachel Lang descreve com solidez e realismo as dificuldades dos relacionamentos naquilo que ela diz ser uma tragicomédia, em que o tema principal é intercalado com pequenos apontamentos cómicos, como o da amiga que tem o aquecimento avariado e usa o forno para aquecer a casa, aproveitando entretanto para fazer dezenas de bolos ou do soldado atiradiço que é rejeitado com uma só tirada sarcástica da nossa protagonista.




Sielunsieppaaja/Soul Catcher
PV Lehtinen, doc./exp., Finlândia, 2011, 14’

Esta curta-metragem finlandesa insere-se na categoria do documentário experimental, e relaciona genericamente três temas. 

Observamos, em primeiro lugar, uma colónia de formigas na sua labuta frenética. Depois aparece um grupo de veraneantes numa praia próxima de Helsínquia, filmados ora em plano fixo, modo retrato, ora em movimento rápido, numa perspectiva semelhante à das formigas. Por último, vemos uma família Masai, por vezes enquadrada no interior de uma câmara fotográfica de grande formato, numa subtil referência à crença de que a fotografia rouba a alma do sujeito fotografado. 

Filmado sem diálogos, este filme baseia-se no poder da captura da imagem fotográfica para cristalizar uma essência humana ou natural. 


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